BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO NO CONTEXTO AMAZÔNICO EM SÃO MANUEL

Biologia da Conservação é uma ciência interdisciplinar que foi desenvolvida a partir da crise da diversidade biológica criada principalmente pela ação do homem (Soulé, 1985; Primack & Rodrigues, 2001). É importante reconhecer nessa ciência os principais fatores que atuam sobre a redução da diversidade biológica. Basicamente podemos classificar esses fatores em independentes da ação humana como as extinções em massa, terremotos e maremotos e, dependentes da ação antrópica como a pesca predatória, a destruição do habitat e a introdução de espécies exóticas. No Brasil, é bem conhecido o exemplo da pesca predatória do Arapaima gigas (Schinz, 1822) conhecido como pirarucu. Esse peixe é muito conhecido no Amazonas por apresentar uma cauda vermelha, razão pela qual recebeu o seu nome. É exclusivo da bacia amazônica podendo atingir até três metros de comprimento e pesar até 200 kg. A pesca predatória do pirarucu foi tão intensa que levou ao IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) a publicar a instrução normativa no 34/2004 que regulamentou sua pesca. Outro fator dependente da ação humana e responsável pela redução da biodiversidade é a redução do habitat natural das espécies. Um bom exemplo é o Saguinus bicolor (Spix, 1823) conhecido como soim-de-coleira de ocorrência na Amazônia. Essa espécie em função do crescimento da cidade de Manaus e consequente redução do seu habitat natural teve sua população reduzida drasticamente e, atualmente, de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) encontra-se criticamente em perigo de extinção. O último fator diretamente relacionado a ação humana e também responsável pela perda da biodiversidade é a introdução de espécies exóticas que pode ser acidentalmente ou não. Cyprinus carpio Linnaeus, 1758, a conhecida carpa é um bom exemplo do efeito negativo da introdução voluntária de espécies exóticas sobre a biodiversidade. A carpa, originária da Ásia, foi introduzida na América do Norte em 1877 por ser considerada um peixe nobre. A rápida adaptação ao clima e a ausência de predadores fez com que sua população aumentasse exponencialmente sendo hoje registrada praticamente em todo mundo. A carpa tem como componente de sua dieta ovos e alevinos de peixes e já causaram redução significativa da fauna nativa de peixes em vários países. No entanto, algumas espécies exóticas foram introduzidas involuntariamente no Brasil como é o caso do mexilhão dourado Limnoperna fortunei (Dunker, 1857). A hipótese mais provável destaca que seu surgimento no Brasil ocorreu através de água de lastros de navios provenientes da Ásia. A ausência de predadores e sua alta capacidade reprodutiva fez com que sua população aumentasse exponencialmente sendo atualmente encontrado em praticamente todo o Brasil e na América do Sul. A proliferação do mexilhão dourado causa grandes prejuízos econômicos para usinas hidrelétricas devido à obstrução das grades de proteção das turbinas e atualmente vem causando sérios problemas em tanques-rede obstruindo as suas malhas. Uma das questões primordiais da Biologia da Conservação é como devemos fazer para evitar ou diminuir a perda da biodiversidade. Algumas ações podem ser aplicadas como a proteção de espécies ameaçadas de extinção, a educação da população e a criação das unidades de conservação. A proteção de espécies ameaçadas tem tido muito sucesso em alguns projetos como o TAMAR (Tartarugas Marinhas). O Projeto foi criado em 1980 e é reconhecido internacionalmente como uma das mais bem sucedidas experiências de conservação marinha. O projeto também desenvolve ações educativas importantes que auxiliam no sucesso do trabalho. A população, especialmente nas proximidades dos locais de desova das tartarugas, é orientada a proteger os ninhos ao invés de utilizar os ovos como alimento como era no passado. Outra forma de se proteger a biodiversidade é a criação de unidades de conservação. Nos últimos anos muitas unidades de conservação foram criadas principalmente na Amazônia. Somente no sul do Amazonas foram criadas nove unidades: Parque Estadual do Sucunduri (1.055.840 hectares), Parque Estadual do Guariba (72.296 ha.), Reserva de Desenvolvimento Sustentável Bararati (153.083 ha.), Reserva de Desenvolvimento Sustentável Aripuanã (260.380 ha.), Reserva Extrativista do Guariba (180.904 ha.), Floresta Estadual de Manicoré (171.300 ha.), Floresta Estadual de Aripuanã (369.337 ha.), Floresta Estadual do Sucunduri (573.761 ha.) e Floresta Estadual do Apuí (232.935 ha.). Apesar do grande número de unidades criadas a oferta de cursos na área de conservação para profissionais que atuam ou poderiam atuar nessas unidades não cresceu na mesma proporção. Por esta razão, no dia 9 de fevereiro de 2011 foi criado o curso de especialização em Biologia da Conservação através da Resolução no 004/2011. O objetivo do curso foi diminuir a carência de profissionais qualificados para atuarem na área de conservação. Esse livro foi concebido a partir de experiências trocadas pelos professores que ministraram disciplina no curso de especialização em Biologia da Conservação e tem como temas centrais discussões sobre mecanismos que auxiliam na redução da perda da biodiversidade, trabalhos científicos relacionados com a Amazônia e temas de disciplinas que foram ministradas na especialização.

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